Adam Thielen, wide receiver dos Vikings, pagou para fazer testes e foi ignorado no draft.
31/10/2018
Fonte: Espn
Não é Antonio Brown, nem Julio Jones, muito menos Odell Beckham Jr.

O melhor wide receiver da NFL hoje jogou em uma universidade 'desconhecida' e pequena, pagou 275 dólares para poder fazer testes antes de se tornar profissional e foi ignorado em seu draft. Mas nada disso impediu que Adam Thielen realizasse o sonho de infância: vestir o uniforme do Minnesota Vikings.

Nascido em Detroit Lakers, no estado de Minnesota, Thielen era fã dos Vikings desde criança. Mas o caminho para se tornar um jogador profissional não era tão simples.

Na escolha, ele era figura marcante em vários esportes, principalmente golfe e basquete. A bola laranja, na época, parecia sua melhor opção. Quando terminou o ensino médio, Thielen não recebeu ofertas de grandes universidades - mesmo sendo escolhido um dos melhores jogadores de seu estado. O caminho foi, então, aceitar a oferta que chegou de Minnesota State para defender os Mavericks na terceira divisão do basquete universitário.

Na realidade, o interesse de Minnesota State não se transformou em uma proposta comum. Os treinadores ofereceram uma bolsa de US$ 500 para Thielen, quase nada comparado aos valores que atletas disputados recebem.

"Eu não sabia nem que existiam bolsas de US$ 500. O dinheiro não era o bastante para comprar meus livros. Mas era melhor do que os outros tinham me oferecido... nada. Então eu não hesitei", escreveu o wide receiver em texto publicado no portal The Player's Tribune.

Naquela situação, ser um jogador profissional de futebol americano sequer passava pela cabeça dele. Afinal, uma bolsa de US$ 500 em um time que estava na segunda divisão universitária dos EUA - a DII - não seria o bastante para chamar a atenção de olheiros da NFL.

Depois de quatro temporadas com os Mavericks, ele encerrou sua carreira em Minnesota State entre os melhores da história da posição da universidade: segundo em jardas através de recepções (2.802), segundo em recepções (198) e terceiro em recepções para touchdown (20).

Mesmo assim, ele não foi chamado para o tradicional pro day da faculdade, quando os melhores atletas passam por testes e são avaliados por olheiros profissionais. A solução foi se inscrever para outras avaliações, desta vez regionais, que custaram US$ 275 e aconteceram em Chicago.

"Mais o dinheiro da gasolina, comida e hotel, era muito para um desempregado de 23 anos que havia acabado a faculdade. Mas eu disse para mim mesmo que faria de tudo para chegar à NFL. Eu sabia que, para os olheiros da NFL, o tempo nas 40 jardas importa mais do que qualquer outra coisa. É impossível ensinar alguém a ser rápido. Se eu fizesse entre 4.4 e 4.5, poderia ser o bastante para me levar ao próximo nível."

Neste mesmo teste em Chicago, no tiro de 40 jardas, Thielen conseguiu um tempo de 4.45 segundos.

"Aquilo me levou para o Super Regional. Tive que pagar meu voo para chegar, fui bem e até conversei com alguns olheiros. Mas quando o draft chegou, não fui escolhido", lembra Thielen.

Ainda assim, dois times ligaram para ele com convites para os treinamentos de calouros - antes mesmo da pré-temporada. Um deles era o Carolina Panthers. O outro, o Minnesota Vikings.

Mas não havia garantia alguma sobre um futuro no futebol americano. Por isso, Thielen buscou um plano B que, na época, era um emprego para ser estagiário na Patterson Dental, uma empresa que vende suprimentos para dentistas e consultórios.

Seu período de testes nos Vikings impressionou, e ele conseguiu uma vaga no elenco principal do time.

"Um dos treinadores me chamou para o escritório. Eles falaram que gostaram do que viram, mas que o elenco estava fechado. Mas depois falaram que iriam me contratar de qualquer maneira. Eles tiveram que cortar outro wide receiver para abrir espaço para mim."

Depois de jogar pouco em seus dois primeiros anos como profissional, ele explodiu em 2016. Na véspera de natal, contra o grande rival Green Bay Packers, conseguiu 202 jardas e dois touchdowns mesmo com a derrota. Desde então, não saiu mais das listas de melhores recebedores da liga.

Em 2018, ele já reescreve recordes da NFL. Se tornou o primeiro jogador da 'era Super Bowl' a ter mais de 100 jardas em cada um dos sete primeiros jogos de uma temporada. Já são 67 recepções (também recorde), 822 jardas (líder da liga) e cinco touchdowns (3ª maior marca).

"Tenho ótimas pessoas ao meu redor. O jogo e a vida dependem das pessoas que você têm por perto, e eu tenho ótimas aqui no vestiário e na comissão técnica. Me ajudaram a chegar até aqui. Tenho que agradecer muito por poder jogar o jogo que amo desde que sou criança."