Há 20 anos, Tom Brady era escolhido no draft, mas como foi sua história antes disso?
16/04/2020
Fonte: Espn
Há algumas semanas, Tom Brady atingiu outra marca impressionante em sua carreira: o primeiro jogador da história da NFL a fazer parte do melhor time de DUAS décadas. E nesta quinta-feira (16), o quarterback, hoje nos Buccaneers, realmente completa duas décadas de trajetória na liga, já que sua escolha no draft foi feita em 16 de abril de 2000.

É difícil encontrar alguém que discorde do fato de Brady ser a melhor aposta que uma franquia já fez no draft. Ele foi selecionado pelos Patriots com a 199ª escolha geral, no sexto round e último dia do evento.

A partir deste dia, recordes, títulos, marcas expressivas e tudo aquilo que já falamos bastante. Mas, e antes? Como foi a carreira de Brady antes dele se apresentar a Robert Kraft, dono da franquia de New England, como "a melhor decisão que essa organização já fez"?

O californiano

O ponto de partida dessa jornada é San Mateo, cidade da região da baía de São Francisco, na Califórnia, onde Tom nasceu e cresceu com suas três irmãs mais velhas, Julie, Nancy e Maureen, filhos dos competitivos Galynn e Thomas Sr. Tão competitivos que os filhos já nasceram com o esporte no sangue. Além de Tom, suas três irmãs também foram atletas.

Não era muito difícil se apaixonar pelo jogo ali na Bay Area. Afinal, Tom viu a melhor era do San Francisco 49ers. Inclusive, aos quatro anos de idade, esteve presente no Candlestick Park quando Joe Montana conectou Dwight Clark em uma das jogadas mais icônicas da liga, batizada de ‘The Catch’.

Ainda muito novo, Tom participou de um camp de futebol americano na cidade e aprendeu alguns fundamentos do esporte, como técnicas para lançar. Quem o ensinou foi outro quarterback da NFL no futuro: Tony Graziani, ex-Falcons e Browns.

Baseball x Football

Na Junipero Serra High School, onde estudou, Tom atuou pelos Padres no futebol americano, no beisebol e no basquete. Surpreendentemente, chamou mais atenção pelas suas habilidades como catcher, no beisebol. Mas seu foco era ser quarterback. Não só seu, como de seu pai.

Em seu terceiro ano atuando pelo colégio, seu pai, Thomas Sr., gastou mais de 2 mil dólares para produzir e entregar filmagens suas jogando para aproximadamente 54 universidades. Destas, algumas estavam interessadas, mas Brady focava em cinco: Cal, USC, UCLA, Michigan e Illinois.

Em meio a tudo isso, em 1995, Tom chegou a ser escolhido no draft da MLB pelo Montreal Expos, na 18ª rodada, para atuar como catcher.

Mas não teve jeito, após USC mostrar pouco interesse no quarterback, ele decidiu aceitar uma bolsa para estudar a quase 4 mil km de distância de San Mateo, dando início à sua história com o Michigan Wolverines.

Frustração e ascensão em Michigan

A decisão de ter escolhido o futebol americano em vez do beisebol pode ter deixado Tom bem arrependido nos seus primeiros anos em Ann-Arbor, casa dos Wolverines. Ele era apenas a sétima opção do treinador como quarterback, e precisou esquentar muito o banco antes de receber oportunidades. Neste meio tempo, teve que aprender a lidar com a ansiedade.

Somando os dois primeiros anos inteiros de sua carreira universitária, Brady teve 20 passes tentados, 15 completos, 129 jardas, uma interceptação e nenhum touchdown. Detalhe: seu primeiro passe, em 1996, foi interceptado e retornado para touchdown, em uma derrota para UCLA.

Tom cogitou abandonar Michigan, rumo a Cal, mas sua insistência foi finalmente recompensada.

Após temporada invicta em 1997 e vitória no Rose Bowl, os Wolverines perderam Brian Griese – que foi para os Broncos – e Brady se tornou titular no ano seguinte. Foram 10 vitórias, incluindo o Citrus Bowl, e 3 derrotas, com atuações sólidas do quarterback, que iniciou todos os jogos, somando 2427 jardas, 61,9% de passes completos, 14 touchdowns, 10 interceptações e rating de 133,1.

A temporada de 99 parecia ainda mais desafiadora, pois agora, no último ano de faculdade, precisava se manter no controle do ataque, já que o ‘herói local’ Drew Henson também desejava algum tempo de jogo após um ano no banco. Assim, o treinador Lloyd Carr decidiu colocar Brady no primeiro quarto, Henson no segundo, e no restante da partida ficava o que atuasse melhor.

No sexto jogo do ano, Brady reverteu um déficit de 17 pontos no placar já no último quarto. Para se firmar de vez na posição, na semana seguinte teve 307 jardas e atuação incrível. Algumas outras ótimas partidas o colocaram no radar da NFL, como outro comeback, contra Penn State.

Mas seu ponto alto da temporada, senão de toda carreira em Michigan, foi no Orange Bowl, quando enfrentou Alabama. Sua equipe começou atrás do placar por 14 pontos, mas Brady liderou o ataque ao empate. Na sequência, Crimson Tide fez 28-14 e, mais uma vez, Michigan se recuperou e empatou, levando a partida à prorrogação em 28-28. O final dramático teve um touchdown de cada lado, mas um extra point perdido por Alabama, coroando a atuação de Brady sua segunda vitória em Bowls.

Como senior, Brady teve 10 vitórias e 2 derrotas, somando 2217 jardas, 61% de passes certos, 16 TDs, 6 INTs e rating de 138,0.

O draft de 2000

Então, chegou o dia. Na verdade, os dias – 15 e 16 de abril de 2000, quando o teatro do Madison Square Garden, em Nova York, recebeu o draft da NFL.

Brady havia mostrado boas atuações, especialmente neste último ano, mas suas duas temporadas esquentando o banco podiam pesar na sua seleção, assim como outros fatores, que mais tarde, foram completamente desmentidos.

Todas as 31 franquias da liga tiveram a oportunidade (os Texans ainda não existiam), mas coube aos Patriots selecionarem-no, com a 199ª escolha geral.

Entre os 12 quarterbacks que foram selecionados naquele draft, SEIS saíram antes de Brady:

Chad Pennington - 18ª escolha, pelos Jets
Giovanni Carmazzi - 65ª, 49ers
Chris Redman - 75ª, Ravens
Tee Martin - 163ª, Steelers
Marc Bulger - 168ª, Saints
Spergon Wynn - 183ª, Browns

Entre esses, apenas Chad Pennington e Marc Bulger chegaram a causar algum impacto na liga, mas nada na magnitude de Brady. Só para se ter uma ideia, somando os números de todos os 11 outros QBs selecionados em 2000, o total é praticamente a metade dos produzidos por Brady.

E olha que, por pouco, seu destino não foi diferente.

Os Patriots consideraram escolher Tim Rattay com aquela 199ª escolha. Mas Dick Rehbein, que trabalhava como treinador de quarterbacks dos Patriots, insistiu a Bill Belichick para escolher o prospecto de Michigan.

Daí para frente, todo fã da NFL já conhece a história...